Os dados recentemente divulgados pelo Banco Central revelam que, no mês de junho, as aplicações nas cadernetas de poupança superaram as retiradas em expressivos R$ 12,8 bilhões. Este resultado, embora positivo, não foi suficiente para reverter as perdas acumuladas nos primeiros meses do ano. Com isso, a caderneta de poupança encerra o primeiro semestre com uma captação líquida negativa de R$ 2,8 bilhões.
O panorama do semestre
Este é o sétimo trimestre consecutivo em que a caderneta de poupança apresenta perdas. Os números são impressionantes: foram aplicados cerca de R$ 2,03 trilhões e retirados aproximadamente R$ 2,04 trilhões durante o período.
Apesar do resultado desfavorável, este é o melhor desempenho da poupança para um primeiro semestre desde 2020. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando as retiradas superaram os depósitos em R$ 66,6 bilhões, a situação mostra uma melhora significativa. Este valor foi o maior déficit registrado em um semestre desde que os registros começaram em 1995. Nos anos de 2021 e 2022, as captações líquidas foram negativas em R$ 16,5 bilhões e R$ 50,5 bilhões, respectivamente.
Somente em junho, as aplicações superaram os saques em R$ 12,8 bilhões. Este resultado positivo foi impulsionado por depósitos que totalizaram R$ 348 bilhões e retiradas que alcançaram R$ 225,3 bilhões. O dia 28 do mês registrou a maior captação, com um saldo positivo de R$ 9,6 bilhões.
O saldo final da poupança voltou a ultrapassar a marca de R$ 1 trilhão após dois anos. A última vez que isso ocorreu foi em julho de 2022, quando o saldo atingiu R$ 1,007 trilhão. Com o desempenho positivo observado em junho, o saldo passou de R$ 993,3 bilhões para R$ 1,011 trilhão.
Rentabilidade e desafios
Atualmente, a rentabilidade da caderneta é de 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial). Esta taxa é aplicada sempre que a taxa básica de juros (Selic) estiver acima de 8,5% ao ano, sendo que a Selic está atualmente em 10,5% ao ano.
Apesar de sua popularidade, a poupança oferece um retorno inferior a investimentos de igual segurança e liquidez. “Muitas vezes, as pessoas acabam mantendo seu dinheiro na poupança por falta de interesse e deixam de considerar opções mais rentáveis e igualmente seguras”, comenta Marcelo Guterman, especialista em investimentos da Western Asset.