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São João: descubra a história do santo e sua ligação com as festas juninas

Hoje, 24 de junho, é celebrado São João, conhecido como o santo festeiro e o segundo na lista dos religiosos homenageados nas festas juninas, seguido por São Pedro e São Paulo em 29 de junho. O mês começa com a celebração de Santo Antônio no dia 13.

Quem foi São João

São João, ou João Batista, conforme descrito na Bíblia, é o homem que batizou Jesus Cristo e, curiosamente, era seu parente, já que suas mães, Maria e Isabel, eram primas.

Embora apenas seis meses mais velho que Jesus, João Batista foi fundamental para preparar o caminho para a figura central do catolicismo. Ele não se colocava como rival de Jesus, mas como seu precursor e profeta, proclamando Jesus como o Cordeiro de Deus e testemunhando sua luz.

“Ao contrário do que se possa pensar, João Batista não competia com Jesus. Ele anunciava a vinda do Messias e, quando Jesus começou seu ministério, João retirou-se. Sua mensagem era de conversão, preparando o caminho para a chegada do Messias”, explica Fábio Enrique de Souto, padre e professor da Universidade Católica de Brasília.

A vida de João Batista terminou tragicamente quando foi preso por Herodes Antipas e decapitado a pedido de Salomé, filha do governante, em 29 de agosto do ano 29.

A data ligada ao Natal

Por que celebrar São João em 24 de junho, se sua morte ocorreu em 29 de agosto? A resposta reside em duas peculiaridades.

São João é um dos raros santos católicos com duas datas litúrgicas: seu nascimento (24 de junho) e sua morte (29 de agosto). Enquanto a maioria das festas religiosas celebra a data da morte do santo, como Santo Antônio e São Jorge, São João é especial por seu papel de precursor de Cristo desde o nascimento.

“Ele é celebrado por ser o anunciador de Cristo nas Escrituras. Ele prepara o caminho não só no nascimento e na missão de Jesus, mas também em sua morte”, acrescenta Sobrinho.

Além disso, João Batista era seis meses mais velho que Jesus, cujo nascimento é comemorado em 25 de dezembro. Assim, o 24 de junho foi designado para celebrar o nascimento de São João.

“No entanto, não podemos afirmar com certeza que João Batista nasceu exatamente em 24 de junho. A data foi estabelecida por volta do século IV”, completa o professor da PUC-SP.

A origem das festas

Com a data de nascimento de São João fixada, a celebração se tornou uma oportunidade para ressignificar festividades, assim como ocorreu com a Páscoa. Historicamente, 24 de junho segue o solstício de verão no hemisfério Norte.

As festas, de origem pagã na Europa, estavam inicialmente associadas à colheita. Mais tarde, entre os séculos XII e XIII, o catolicismo integrou essas celebrações ao calendário litúrgico, e as festas juninas destacam-se pela alegria e devoção, celebrando não apenas a colheita mas também a vida.

Valéria Rocha Torres, doutora em ciências da religião pela PUC-SP e mestre em história pela Unicamp, explica: “Quando os portugueses chegaram ao Brasil no século XVI, trouxeram consigo não apenas a fé católica, mas também suas tradições religiosas, incluindo as festividades de São João”.

“Aqui, as festas joaninas se transformaram nas festas juninas que conhecemos hoje, com influências significativas da cultura indígena, especialmente nos pratos à base de milho, mas mantendo a tradição das quadrilhas e das fogueiras”, acrescenta Enrique de Souto.

A devoção a São João, especialmente forte no Nordeste do Brasil, reflete a influência da colonização portuguesa e a presença do catolicismo popular na vida rural.

A Fogueira de São João

No imaginário popular e religioso, cada santo possui símbolos e atribuições específicas. São Jorge é o santo guerreiro, Santo Antônio o santo casamenteiro.

E São João? Além de sua associação ao Cordeiro de Deus por anunciar a vinda de Jesus, ele é especialmente ligado à fogueira.

“A fogueira, acesa na véspera de 24 de junho, simboliza a luz que João Batista anunciou, a luz do homem que viria. Por isso, as fogueiras são centrais nas festas juninas”, explica o padre Felipe Sobrinho.

Além disso, segundo Souto, a mãe de João Batista, Isabel, teria acendido uma fogueira para sinalizar a necessidade de ajuda no parto para Maria.

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