Site icon Greenvana | A sua empresa de comércio sustentável

Quem são os empresários por trás do avanço do partido de Le Pen na França

A vitória contundente do partido Reunião Nacional (RN), de extrema direita, no primeiro turno das eleições legislativas francesas no último domingo (30), colocou em destaque o presidente do partido, Jordan Bardella. Este resultado ecoa a ascendente trajetória da lista liderada por Bardella nas eleições para o Parlamento Europeu, ocorridas em 9 de junho, levantando questionamentos sobre os empresários que têm respaldado esse movimento nacionalista.

Para compreender a atual ascensão da extrema direita na França, que pela primeira vez vislumbra a possibilidade de eleger a maioria absoluta dos deputados na Assembleia Nacional, é necessário adentrar um círculo restrito de milionários católicos conservadores. Estes indivíduos têm demonstrado um apoio cada vez mais explícito à ideologia nacionalista defendida pelo RN.

Um dos proeminentes financiadores é o controverso magnata Vincent Bolloré, cujas holdings incluem a Universal Music e a Vivendi, além de controlar veículos de mídia como Canal+, CNews e o jornal JDD (Journal du Dimanche). Bolloré figura como o oitavo empresário mais rico da França, ocupando a 202ª posição na lista global da Forbes no ano passado.

Em junho, pelo segundo mês consecutivo, o canal CNews liderou a audiência entre os canais de notícias 24 horas na França, superando pela primeira vez o BFMTV, conforme dados da Médiamétrie. O CNews, frequentemente criticado por figuras de esquerda por suas alegadas inclinações de extrema direita, tem dois ex-colunistas, Pierre Gentillet e Guillaume Bigot, concorrendo pelo RN nas eleições legislativas.

Similarmente, o canal C8, também parte do grupo de Bolloré, enfrenta frequentes notificações por irregularidades pela Arcom, a agência reguladora do audiovisual francês. Em maio, o C8 foi multado em 50 mil euros (aproximadamente R$ 300 mil) devido a comentários do jornalista Geoffroy Lejeune, que associou o antissemitismo e a superlotação carcerária na França à “imigração árabe-muçulmana”.

Lejeune, conhecido por sua liderança controversa na revista Valores Atuais, que promove ideias de extrema direita, assumiu a direção do Journal du Dimanche desde agosto do ano passado, após sua compra por Bolloré em 2023. A aquisição deste veículo centenário por uma figura polarizadora provocou uma greve sem precedentes entre os jornalistas.

‘Ódio aos muçulmanos substituiu ódio aos judeus’

Em uma entrevista recente ao site The Conversation France, o historiador Alexis Lévrier, especialista em história do jornalismo, discutiu como Bolloré iniciou seu império de mídia nos anos 2000, visando colocar seus veículos e emissoras “a serviço de um projeto político, cultural e civilizacional”.

Para Lévrier, parte da mídia controlada por Bolloré pode ser vista como uma ponte entre a extrema direita que floresceu na França no final do século XIX e durante a Segunda Guerra Mundial, e o ressurgimento vigoroso do discurso antiestrangeiros nos dias atuais.

Exit mobile version