Após mais de dois meses de paralisação, os professores das universidades e institutos federais concordaram com a proposta do governo Lula e decidiram encerrar o movimento grevista.
Desfecho da paralisação
A greve também foi suspensa pelos técnicos dos institutos federais, mas continua entre os docentes universitários. A Fasubra, representante da maioria desses servidores, anunciou que realizará uma nova reunião com o comando de greve amanhã (24) para definir os próximos passos.
A normalização das aulas está condicionada à assinatura dos termos do acordo com o governo federal, prevista para quarta-feira (26). Sindicatos das categorias realizaram assembleias neste domingo para deliberar sobre o término da paralisação.
No caso dos institutos federais, o encerramento da greve foi decidido com 89 votos a favor, 15 contra e 6 abstenções durante a plenária organizada pelo Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica). Servidores dos colégios federais, como o Pedro II, no Rio de Janeiro, também estão incluídos neste grupo.
Parte dos professores universitários já havia optado por abandonar a greve na semana passada, que completou hoje 69 dias de duração. Até quarta-feira (19), docentes das universidades federais de Brasília, Paraná e Rio Grande do Norte já haviam retornado às atividades.
Embora considerada insuficiente por alguns, a greve teve um impacto significativo ao conquistar melhorias importantes e fortalecer a capacidade de mobilização e qualidade de vida da categoria, segundo Gustavo Seferian, presidente do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e professor na UFMG.
Proposta do governo
Para os técnicos-administrativos, o governo propôs um aumento salarial de 9% a partir de janeiro de 2025 e mais 5% em abril de 2026, além de melhorias na valorização da carreira.
Os professores também aceitaram a proposta de reajuste salarial escalonado para 2025 e 2026, variando conforme o nível profissional.
Além do reajuste, o governo Lula propôs mudanças na carga horária e no registro de ponto eletrônico, com o objetivo de revogar a portaria 983/2020, que ampliou a carga mínima semanal de trabalho, medida criticada pelos professores por prejudicar atividades de pesquisa e extensão.
Lula também anunciou um investimento de R$ 5,5 bilhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) destinado a centros e hospitais universitários como incentivo ao fim da greve.
Lula: ‘Não tenho medo de reitor’
Durante um evento no Maranhão, Lula (PT) afirmou não ter “medo de reitor”. Ele relembrou que, ao contrário de seu antecessor, já realizou duas reuniões com todos os reitores das universidades e institutos federais, expressando uma abordagem mais democrática.
Brincando sobre um dedo amputado quando era metalúrgico, Lula destacou: “E esse dedo que falta não foi mordido por eles [reitores]. Eu o perdi em uma fábrica. Quero ter a relação mais democrática possível.”
O presidente tem expressado preocupação com a duração prolongada da greve, enfatizando os investimentos em infraestrutura nas instituições federais durante solenidades recentes.